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A Carteirada Continua, Mesmo na Pandemia?

A Carteirada Continua, Mesmo na Pandemia?

Recentemente tivemos dois episódios que foram notícia na mídia e que demonstram um pouco como esse fenômeno social continua sendo recorrente na sociedade brasileira.

 

O primeiro caso foi na cidade do Rio de Janeiro, onde um casal questionou de forma, no mínimo, desrespeitosa um agente público que realizava uma fiscalização sobre aglomerações em bares e uso de máscaras. O outro caso foi em Santos, uma segunda cidade também litorânea, só que no estado de São Paulo. Nesse caso um desembargador desacatou um guarda municipal e insistiu em não usar a máscara, item considerado básico pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no combate à propagação do covid-19.


 
Além da coincidência geográfica da localização à beira mar esses casos expõem um sintoma público comum na convivência nacional e que alguns especialistas chamam de “carteirada”. Mas afinal o que é isso? E por que acontece?  E ainda, a pandemia acentuou essa prática?
 

 

Vamos por partes...

A chamada carteirada é uma situação em que se busca vantagem ou privilégio em razão de seu cargo, profissão, condição financeira ou social. No caso carioca o fato da formação superior em engenharia daria ao casal uma suposta “condição diferenciada” para ficarem aglomerados nos barzinhos do bairro do Leblon, na cidade maravilhosa. Já nas praias santistas (mais especificamente no calçadão) o representante da justiça fez claramente uso de sua presumida influência para ser um vetor “autorizado” do covid-19.


Para termos uma ideia de porque esse tipo de comportamento acontece é legal pararmos e pensarmos que quando as pessoas dizem a frase: “Você sabe com quem está falando?”  nós podemos entender que na verdade eles estão perguntando: Está pensando que somos iguais?! 
Você segue a regra, mas eu não sou obrigado a seguir... ou seja, a questão está na noção de diferença. Quando não dá para ver essa “diferença” explicitamente, surge a famosa pergunta para deixar de forma clara e intencional a suposta distinção. A diferença, por sua vez, é o contrário do conceito básico de qualquer regime democrático: a igualdade. 


Como a sociedade brasileira foi construída historicamente promovendo a desigualdade, todos nós, de alguma forma somos induzidos (às vezes, até inconscientemente) a repetir esse comportamento e daí surgem essas situações constrangedoras e ilegais.


A pandemia, nesse caso, somente escancarou esse “desvio” de conduta que toda a população brasileira vivencia, deixando à mostra um jeito doloroso de comportamento. Esse é um comportamento difícil de explicar e entender... e como dizem os estudiosos “quanto mais difícil de explicar um costume, mais ele revela de uma sociedade”.
 

 

Caramba... que situação! E agora, o que fazer?

Bem, em primeiro lugar, como diz o ditado: muita calma nessa hora... e depois nunca é demais lembrar que nós somos os responsáveis pelas mudanças no mundo e elas acontecem primeiro em nós mesmos.


E isso tudo também para termos uma ideia de nossa complexidade humana e social!
 
Abraços e até a próxima IDEIA.
 

Edson De Nardi Veloso

Olá pessoal.

Penso que a educação é sinônimo de liberdade para transformação de qualquer coisa...

Gosto da frase atribuída a Buda: “O conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância”.

Abraços para todos !

edson.veloso@ideiade.com.br

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Pessoas que acreditam que relações cotidianas apoiadas na afabilidade resultam num mundo mais sustentável, generoso e humano.


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